O Panteão Nacional está a dar destaque às personalidades aqui sepultadas. Com pequenos textos, procuramos que todos os interessados neste monumento e no seu significado simbólico, conheçam melhor a biografia dos homenageados com Honras de Panteão.
Em março e abril de 2018, a personalidade em destaque é João de Deus (São Bartolomeu de Messines, 8 de março de1830 — Lisboa, 11 de janeiro de 1896).
A Cartilha Maternal
“(…) Às mães, que do coração professam a religião da adorável inocência, e até por instinto sabem que em cérebros tão tenros e mimosos todo o cansaço e violência pode deixar vestígios indeléveis, oferecemos, neste sistema profundamente prático, o meio de evitar a seus filhos o flagelo da cartilha tradicional. (…)”
Biblioteca Nacional de Portugal. In: http://purl.pt/145/1/index.html#/11/html
O fascínio pelo desenho
Enquanto estudante surgiu-lhe o fascínio pelo desenho à pena, interesse que o acompanhou toda a vida. Fazia especialmente retratos de pessoas que lhe vinham à memória. Desenhava em qualquer pedaço de papel, num canto de jornal… Tocava guitarra portuguesa na perfeição e compunha música.
Associação de Escolas João de Deus. In: http://www.joaodeus.com/associacao/biografias.asp?id=1
Vida desprendida
Em 1862 partiu para o Alentejo onde colaborou na redacção dos jornais O Bejense (de Beja) e A Folha do Sul (de Évora). Era impulsionado pelo desejo de versejar e de levar uma vida desprendida de bens materiais. Não queria que lhe pagassem um salário fixo. Bastava que lhe pagassem o quarto e o tabaco. Também tinha o hábito, desde estudante, de fazer as viagens a pé, pernoitando em casa de quem lhe desse guarida. Como reconhecimento oferecia poesias e desenhos feitos por ele a quem o acolhia.
Associação de Escolas João de Deus. In: http://www.joaodeus.com/associacao/biografias.asp?id=1
O Dinheiro
O dinheiro é tão bonito,
Tão bonito, o maganão!
Tem tanta graça, o maldito,
Tem tanto chiste, o ladrão!
…
João de Deus, in ‘Campo de Flores’
A Caridade
Eu podia falar todas as línguas
Dos homens e dos anjos;
Logo que não tivesse caridade,
Já não passava de um metal que tine,
De um sino vão que soa.
…
João de Deus, in ‘Campo de Flores’
Saudade
Tu és o cálix;
Eu, o orvalho!
Se me não vales,
Eu o que valho?
Eu se em ti caio
E me acolheste
Torno-me um raio
De luz celeste!
…
João de Deus, in ‘Ramo de Flores’
Attracção
Meus olhos sempre inquietos
Que posso até dizer,
Só acham n’alma objectos
Que os possam entreter;
Meus olhos… coisa rara!
Porque hão de em ti parar
Como a corrente pára
Em encontrando o mar!?
…
João de Deus, in ‘Ramo de Flores’
Arripiar Carreira
Eu buscava editores portugueses
Quando supunha em Portugal leitores;
Mas hoje apenas leio aos meus amores
Os pobres versos que componho às vezes.
…
João de Deus, in ‘Cryptinas’